segunda-feira, abril 11, 2005

Nada

Vazio fica o que perdeu o que o preenchia.
Vazio é o nada, o ninguém, o coisa nenhuma.
É o solto, o perdido, o sem destino.
Vazio é o ser sem saber ser.
Vazio fica o ser que não quer ser.
Vazio são as palavras que ninguém ouve.
Vazio é o corpo sem alma.
Vazio é a razão sem coração.
Vazio é o tudo que é nada.
Eu sou tudo. Eu sou nada.
Vazio sou eu.
Eu sou o teu espaço a meu lado, vazio por estar tão cheio da tua ausência.

terça-feira, abril 05, 2005

Uma história feita de saudade

O teu cheiro a água salgada quando chegavas pela manhã. Sorridente se o mar te tinha embalado em serenidade, taciturno se o mar teimava em fazer birra e não te deixar domá-lo.

Sempre tão orgulhoso, tão nobre, ao comando do Vimar, o barco mais orgulhoso e mais nobre que o horizonte já viu. Recebias a brisa com a serenidade com que acolhias a tempestade. Nada era um problema demasiado grande porque "o mar te conhecia".

O sabor das ondas era o sabor da tua vida. E ensinaste 9 filhos a apreciar um sabor tão salgado como doce.

Doce como a tua voz quando me vias acordar e me perguntavas, com pretenso ar aborrecido, se queria que me preparasses o pequeno almoço. Doce como o sabor do pão embrulhado no leite que me preparavas. Doce como a bondade anónima que te levava a chegar a casa de bolsos vazios. Doce como o calor da tua mão quando me dizias que "a fieira ficava comigo".

Doce como a saudade que agora sinto...

"o teu sopro de saudade vinha beijar-me de hora a hora, para ficar mais à vontade mandei a saudade embora"