quarta-feira, agosto 10, 2011

Depois de uma noite que existiu por

dias
meses
anos,

abriu as cortinas e a luz entrou

na sala
na mente
na alma

Amontoou na mochila

roupas
forças
vontade

e saiu. Não sabia onde ela estava. Mas acreditava. Encontraria

O dia
O lugar
O sentido

onde paira o fim da órbita escrita pela história dos dois para, de regresso ao começo, serem

ele
ela.

Só.

terça-feira, agosto 02, 2011

Uniões

A mesa era longa de gente e de afectos. Comiam-se histórias de feitos passados, bebiam-se piadas e discussões e nos ventres de cada um soavam gargalhadas digestivas. Assim são as reuniões que se fazem esperar. Da ansiedade ou falta dela nasce o desejo maior de querer e ser querido, de ouvir e ser ouvido.

Unidos por laços ditados pela genética, pela circunstância ou pela afinidade, os convivas brindavam, como brindam as pessoas alegres. 

Ela entrou, suave. Não falou. Não sorriu. Não fosse a extraordinária força da sua simples presença e todos se teriam alheado daquela entrada, como de outros vaivéns decorridos na sala.

Apagaram-se as conversas, os sorrisos e o marulhar de copos e talheres. Fosse dia e ter-se-ia apagado o Sol também. Ninguém precisou de olhar para saber que, ao lado dela, na longa mesa de gente e afectos, tomou assento o peso negro e silencioso da ausência que nunca ali deixou de se fazer sentir.