Sentiu a pedra balançar no bolso e a mão deslizou pelo tecido para a encostar ao corpo. A mão na pedra. A pedra na mão. Não pensou em todas as outras pedras que já tinham caído do bolso no caminho. Em todas as que desapareceram da mão. Em todas as que esqueceu em bolsos maiores. A pele gasta por outras erosões tacteava agora esta pedra tão espantosamente igual às outras, tão inexplicavelmente diferente. Na memória da mesma mão ficaram marcadas reentrâncias, saliências, texturas dessa pedra: impressões digitais. Então envolveu-a e num movimento tão preciso como irreflectido, atirou-a para o chão, onde deixou de a distinguir de outras tantas pedras.
Pelo menos esta sei como perdi.
"não me perguntes quem sou. não me perguntes nada. eu não sei responder a todas as perguntas do mundo. pousa os lábios sobre a página. devagar,muito devagar. vamos beijar-nos."
terça-feira, fevereiro 12, 2008
Reinventar
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