Não era um grande amor nem sequer um amor assim-assim. Cheirava a água e nos passos trazia um som cor de cereja. Os pesados caracóis de canela pendiam em cachos sobre os olhos transparentes e nas mãos de pardal trazia uma romã.
A velha levantou os olhos do bordado e viu-o chegar. Quase delicado, quase cambaleante, cada um dos passos que o tornavam mais e mais próximo da postura ancestral da mulher deixava no chão de pedra uma marca de areia.
Quando pousou a mão sobre o ombro da velha que o tempo havia feito gruta, fê-lo com firmeza e com um sorriso ondulante que a fez lembrar a sua primeira e única viagem de barco.
O baloiçar da cadeira parou a um gesto dele. Com a sensualidade e o cuidado ternurento de quem despe a amada, ele abriu a romã. Trincou o interior rosado e o fruto pareceu ceder a um arrepio de carícia. Voltou a trincar, uma e outra vez, num prolongamento cruel do olhar cansado e atento da velha, pousado sobre os lábios e os bagos sumarentos.
Depois de segundos eternos os lábios dele selaram-se e, com ansiedade, estendeu-lhe o que restava do fruto gotejante. A frágil mão dela envolveu o pulso dele e empurrou mão e fruto com determinação. Não provou. Não ia sujar o bordado.
O ranger da porta havia já antecedido outro e outro e outro pequeno amor.
A velha levantou os olhos do bordado e viu-o chegar. Quase delicado, quase cambaleante, cada um dos passos que o tornavam mais e mais próximo da postura ancestral da mulher deixava no chão de pedra uma marca de areia.
Quando pousou a mão sobre o ombro da velha que o tempo havia feito gruta, fê-lo com firmeza e com um sorriso ondulante que a fez lembrar a sua primeira e única viagem de barco.
O baloiçar da cadeira parou a um gesto dele. Com a sensualidade e o cuidado ternurento de quem despe a amada, ele abriu a romã. Trincou o interior rosado e o fruto pareceu ceder a um arrepio de carícia. Voltou a trincar, uma e outra vez, num prolongamento cruel do olhar cansado e atento da velha, pousado sobre os lábios e os bagos sumarentos.
Depois de segundos eternos os lábios dele selaram-se e, com ansiedade, estendeu-lhe o que restava do fruto gotejante. A frágil mão dela envolveu o pulso dele e empurrou mão e fruto com determinação. Não provou. Não ia sujar o bordado.
O ranger da porta havia já antecedido outro e outro e outro pequeno amor.
3 comentários:
...elas adquirem sempre um determinado sentido de perfeição. E o significado que elas emanam prende-se sempre com todos os percalços, todos os obstáculos que se ultrapassam. É bom sentir que tudo faz sentido quando se entende que, bom ou mau, a vida oferece aquilo que é necessário para se obter o auge da perfeição, do entendimento e da consciência. O tempo tem o timing exacto para que tudo aconteça, permaneça e se ofusque finalmente. Não mudaria nada do me foi oferecido. E não mudaria nada do que disse quando acreditei que a essência ganha sempre. Porque essa crença permite aceitar todas as etapas e deixa entender que a verdade está na vivência e no sentimento. Não há nada mais perfeito. E mesmo que houvesse...o tempo acabaria por mostrar, assim que nos desprendêssemos do elo com esta arena. Enquanto ele permanecer, o que fica fica sempre. Porque por muito más que as coisas sejam...
Ja tinha saudades *
olha, q raio de texto é este??!! só vejo significados fálicos..pah!!! ou é de mim ou tu estás com falta de algo e dizes isso com falinhas mansas (mas lindas) :) loool
Fartei-me de rir... és a melhor!!!lob u****
Enviar um comentário