A primeira mentira saiu assim.
Repentina.
Extravagante.
Primeiro franziu o sobrolho, como quem estranha algo entranhado. Depois, como não notasse qualquer estranheza no interlocutor, depois de verificada a patente de línguas e entranhas suas, prosseguiu a conversa, tranquilo.
Verdade, verdade, verdade, verdade, verdade, verdade,
mentira de novo.
Levou a mão mental à boca, arregalou os olhos interiores, surpreso. O interlocutor dava seguimento ao discurso, naturalmente, sem lhe detectar as sombras no rosto. No corpo, na mente, na alma.
Assim discreto, quase dengoso, quase sensual, veio aquele amo-te. Não sabe como. Nem porquê. Só sabe que veio do mesmo lugar de todas as outras mentiras.
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