Ele entrou e sentiu o silêncio que ela pôs em tudo. Um silêncio doce, alaranjado.
A noite, assim, tão ternamente chamada, encheu o quarto que só o sorriso dela iluminava. Ele, ainda encantado, acreditava que não existiam mais sorrisos. Enlaçou-a. A ela. Ao sorriso dela. À luz que ela era. E dormiu.
Assim, abraçados, abandonados ao sono, amaram-se em notas e ritmos sincopados, tempos e contratempos de um compasso cheio.
Corpo
Mente
Alma
em afinações imperfeitas, improvisos num solo a dois.
Assim, sem ambição, sem pretensão, só com enlevo, se fez a mais sublime das músicas. A que nunca se ouviu.
E dessa vez, como de outras, mas ainda assim luminosamente diferente, foi ele quem deixou um brinco-pedaço-de-alma.
Nunca mais a viu. Dissolveu-se. Como um sonho. Como se nunca tivesse sido real.
Até àquele dia, tão frio, tão distante, em que ela lhe trouxe o autógrafo.
3 comentários:
"em afinações imperfeitas, improvisos num solo a dois."
A vida devia ter sempre banda sonora. Como não tem que a façamos nós mesmos...
E depois, quando a música chegar ao fim? Mesmo as melhores músicas eventualmente chegam ao fim. Replay?
então isto acaba sem sexo? :|
as melhores músicas nunca deixam de tocar
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