quarta-feira, junho 09, 2010

Tique-taques

Acariciava o ventre com jeitos de mãe-natureza e, pensativa, séria, sentia com a imaginação toda a formação de um ser humano
ali mesmo

dentro de si.

Nos ouvidos, na cabeça, no corpo todo era aquele

tique-taque, tique-taque, tique-taque.

O tempo levava-lhe a melhor naquela corrida sem meta à vista mas não duvidava nunca que ia acontecer. Era como se a criança estivesse desde sempre

ali mesmo

dentro de si

só à espera de ser.

Quando o milésimo pauzinho se enrubesceu pela primeira vez de cor-de-rosa, contou-lhe com toda a naturalidade do mundo.  

Está aqui mesmo, dentro de mim.

No dia seguinte, no lugar dele estavam o guarda-roupa vazio, o perfume e o bilhete 

Não pode ser. É demais para mim agora.

Ela ouvia o tique-taque do relógio biológico. Ele ouvia um tique-taque de explosão.

Para ele não podia ser. Para ela sempre fora.

2 comentários:

Anónimo disse...

muito bom.
curto, simples e tocante.
parabéns

Mónica disse...

Me hiciste recordar cuando supimos que íbamos a tener a Marta ,pero con una pequeña diferencia , que nosotros ,los dos , estábamos ansiosos por esta maravillosa magia . La de ver , sentir y por fin ,ver a nuestro precioso retoño . Gracias por hacernos revivir bonitos recuerdos .