terça-feira, abril 20, 2010

Mancha

Quando a mancha lhe apareceu no peito não se alarmou. Ao contrário da mãe. Da irmã. Da melhor amiga. 

Vais ter que ir ao médico.  

Ela assentia uma e outra vez, hum, hum, como quem ignora, como quem espera que esqueçam o formato oval, o tom vermelho-sangue, os laivos ondulantes que lembram uma

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marcada a quente na áreola morena, no caminho circundante que o mamilo desenhou. 

Vais ter que ir ao médico. 

De novo. 

Hum, hum.  

De novo.

Não vai. Ela sabe o quem, o onde, o como e o porquê daquela mancha. Ela sabe sobretudo que não é uma mancha.

Não vai ao médico porque quer lembrar sempre a lição daquela mancha. Não quer o seu corpo como se nunca ninguém tivesse lá morado.

1 comentário:

E* disse...

Adoro tanto que nem sei ;)*