quinta-feira, abril 01, 2010

Pólvora

Já não sabe como chegou ali nem porquê. De braço estendido,

de alma encolhida,

de arma na mão.

A mão, envolta no revólver como se sempre tivesse sido assim, sangue e pólvora cobertos de pele e aço, assim perdida a fronteira entre humano e desumano.

O outro chora, treme, implora, ajoelha-se num alinhamento perfeito com o cano do objecto que ameaça, prepotente.

Para ele é tudo silêncio. O tempo escorre leitoso, preguiça lentamente sobre aquele momento, como sonho. Como pesadelo.

As lágrimas acordam-no. Não as do outro. As suas.

Largou o revólver no chão quando um tiro de realidade o atingiu em cheio na alma.

6 comentários:

Cuco disse...

:) Sweet!!

The Cherry on Top disse...

Gostei muito do que li por aqui.

:)


beijinho`*

The Cherry on Top disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
E* disse...

Escreves coisas tão bonitas que nunca consigo comentar. Acho sempre que nunca vai estar à altura ;)

Miss You*

Jessica de Sá disse...

"Largou o revólver no chão quando um tiro de realidade o atingiu em cheio na alma." Isto é simplesmente perfeito. Parabéns princesa*

Unknown disse...

Superas-te a cada texto que escreves. Adoro*